sábado, 23 de maio de 2020

A história do toureiro que se arrependeu e hoje defende os animais - Livro Quedas e Ascensão

No livro QUEDAS E ASCENSÃO, o médium Divaldo Franco psicografa, através do espírito Victor Hugo, a história de um ex-toureito. Pilarzito gosta de touradas desde criança, iniciou aos 9 anos de idade.  Antes dos 20 anos já era um toureiro famoso, que se saciava com bebidas e mulheres. Todo o dinheiro que ostentava vinha da atividade cruel, a tauromaquia. Tudo mudou quando Pilarzito foi atingido por um touro em plena arena, resultando em crânio e vértebras quebradas. Esse foi o fim maquinado por seus diversos inimigos do plano espiritual, frutos de seu passado como um padre perverso, Don Lorenzo. Depois de meses na UTI, Pilarzito se vê impossibilitado de andar. A partir daí descobre que "amigos", mulheres... não passavam de ilusão. Depois de conhecer a depressão, Pilarzito renasce através do conhecimento do espiritismo e da reforma íntima. Pilarzito se torna um grande ativista da causa animal, lutando pelo fim da atividade cruel que é a tauromaquia.

Segue trechos do livro que contam melhor a história de Pilarzito:


"Esse era o momento em que o toureiro deveria movimentar a muleta com destreza de forma que o touro se cansasse e, abaixando a cabeça, descobrisse o cachaço para receber o golpe final, a estocada. Avançando em linha reta entre os chifres, com incrível agilidade, o toureiro não se pode equivocar. Foi, porém, rápido demais o seu desfecho, pois que o animal alcançou Pilarzito antes que ele tivesse tempo de mover-se. A cornada certeira atingiu-lhe o estômago e ele foi atirado ao ar como um trapo à mercê do vento para cair a alguns metros de distância, sendo vítima do perseguidor, que retornou em seguida e tentou escorneá-lo outras vezes, embora a equipe que correu na sua ajuda, para desviar a atenção da fera e arrancá-la dali. Assim mesmo, o jovem foi pisoteado e recebeu outras chifradas que o feriram na coxa, no pulmão e noutros órgãos, ficando exangue.
Inconsciente, foi retirado pelos padioleiros apressados e conduzido ao interior do imenso edifício para imediata assistência, enquanto a ambulância se preparava para levá-lo ao Hospital.
O espetáculo, porém, não foi interrompido. Outro toureador foi colocado na arena e novo touro foi atirado contra ele, dando prosseguimento ao festival de insânia e de embriaguez dos sentidos.
O patrão da equipe, desnorteado, seguiu na mesma ambulância que conduzia o jovem toureiro, de imediato levado ao centro cirúrgico, onde foi atendido por largas horas, travando nova e pertinaz luta entre a vida e a morte. Logo que estancado o sangue e feitas transfusões imediatas, radiografias cuidadosas anunciaram a gravidade das lesões, especialmente na quinta vértebra cervical, acompanhada de um trauma crânio-encefálico que denunciava uma paralisia irreversível, como normalmente acontecia com aqueles que sobreviviam à hediondez da luta.
Informados por telefone, os pais de Pilarzito foram estar com ele no hospital, dias após, acompanhando-o durante o coma que parecia vencê-lo. Em atendimento prolongado na Unidade de Terapia Intensiva, a pouco e pouco, no entanto, foi recobrando a lucidez, embora permanecesse como de alta gravidade o seu quadro.
Enquanto, porém, esteve no letargo da inconsciência em relação à vida física, vivenciara uma outra realidade para a qual não se houvera preparado.
Em Espírito, após o rude acontecimento, conseguiu claridade mental e passou a sentir todas as dores e angústias que lhe assinalavam o corpo arrebentado. Podia ver-se livre e imantado ao leito, engessado em grande parte, imobilizado, no entanto, com movimentos dolorosos, às vezes, que não lhe impediam de acompanhar as ocorrências do dia a dia hospitalar. Desse modo, pôde experiência as aflições que tomaram os seus pais, o desespero materno que se prolongava diante do filho quase morto, e sofria todos esses dramas que nunca imaginara pudessem existir.
Simultaneamente, passou a perceber a presença dos perversos inimigos, em um mundo de pesadelos incessantes, que pareciam surgir das sombras em volta e o acusavam de terríveis flagícios que lhes impusera, encerrando-lhes as existências com a traição, o garrote, a roda, o estrangulamento... Diziam-se mouros alguns, outros cristãos, outros amigos enganados, e referiam-se aos dias cruéis que se sucederam ao exílio que a alguns havia sido imposto. Diversos apresentavam-se deformados, com as características da morte que lhes arrebatara o corpo, afirmando que não haviam sucumbido às tramas infames do perseguidor inclemente, e que, anos após, ao identificarem-no outra vez no corpo haviam tramado a sua destruição, porém de maneira lenta e mui dolorosa.
Incapaz de compreender em toda a profundidade o que se lhe apresentava, Pilarzito permanecia estarrecido e implorava à Virgen de la Macarena que o protegesse dos demônios que se haviam unido em infame sortilégio para destruí-lo. Momentos outros havia em que não lhes suportando as ameaças, conseguia fugir-lhes da sanha, em disparada correria por estranhos e sombrios caminhos sem-fim, logo retornando exausto e incapaz de reagir-lhes ao cruel massacre moral. O tormento prolongou-se pelos meses que se sucederam ao infausto acontecimento, mesmo após ser deslocado para um apartamento especial da Casa de Saúde, por instâncias do seu genitor, quando recuperara o discernimento...
Digamos de uma vez: Pilarzito, El matador, encontrava-se resgatando o passado rico de crimes a que se entregara. A sua atual existência repetia a insânia da anterior com menor gravidade. Naquela, utilizara-se da inteligência para o crime soez contra o seu próximo, dominado pela avareza e cobiça desmedida, pela ganância exacerbada e ambição de poder, havendo alterado o comportamento, que ora se apresentava com as mesmas características, matando os animais em espetáculos que o aclamavam como poderoso e lhe ofereciam dinheiro, poder e ostentação. Houve mudança de significado existencial, mas não uma real alteração de conduta moral, pelo que agora sofria na quase imobilidade no leito hospitalar.
Logo que passou a crise do coma, mais ou menos dois meses após, foi transferido para um outro com melhores recursos em Toledo, o Hospital de Paraplégicos, onde pôde começar os exercícios de fisioterapia.
Quando, porém, constatou a impossibilidade total de recuperar o movimento dos membros inferiores, a revolta assomou-lhe, violenta, levando-o aos transtornos de comportamento, com ideia fixa para o suicídio, dominado por severa depressão.
(...)

Em plena juventude, havendo sido destruídos todos os seus sonhos de ventura, viu, a pouco e pouco, os amigos afastarem-se, passada a comoção inicial da tragédia, e lutando contra a depressão do choque pós-traumático, sobrevivera, mas destituído de outros ideais em mente. Foi, nesse estado de espírito que passou a entender, ante as páginas de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, que ninguém se evade de si mesmo, nem pode deslustrar a Vida pelas infâmias e urdiduras do mal, em que se detém por algum tempo, nunca, porém, para sempre.
Renovando-se lentamente, aprofundando a mente na leitura esclarecedora e vivenciando a reencarnação, começou a agradecer a Deus a nova oportunidade que se lhe desenhava enriquecedora, enquanto se preparava para aceitá-la com naturalidade e paz no coração.
Reconhecia que não era fácil, porém, na vida nada é fácil do ponto de vista do utilitarismo, do prazer exorbitante que deseja tudo para si e coisa alguma para os demais. No entanto, iria empenhar-se pela conquista de outro significado e sentido existencial. Utilizar-se-ia da nova condição para desencadear uma cruzada contra a tauromaquia, o culto às infelizes corridas de toros, que tantas vidas humanas ceifava e outras tantas inutilizava em rudes paralisias e limitações orgânicas...
Lentamente passou a nutrir sentimentos de compaixão também pelos animais que eram expostos à crueldade, procedentes de raças indomáveis e espicaçados nos instintos inferiores e na agressividade para deleite de espectadores sanguinários e violentos.
Dois anos passaram-se lentos e mortificantes...
Visitado, mais de uma vez, por nobres servidores da Sociedade de amigos dos animais, essa respeitável Organização que vela pelos irmãos em processo de evolução que ainda se encontram na retaguarda, na qual todos oportunamente estivemos, foi ampliando a sua capacidade de respeito por toda e qualquer forma de vida, ensejando que o amor iniciasse no seu imo o despertar, a fim de agigantar-se mais tarde, emulando-o a inscrever-se nas suas fileiras, para erguer a bandeira de proteção aos touros...
Pareceria um paradoxo que o jovem revel, que triunfara mediante o hediondo comércio criminoso das corridas de touros, agora se transformasse em defensor da extinção do nefasto e degradante esporte sanguinário. Era, no entanto, o momento da sua conscientização, da reconquista do patrimônio da dignidade, que não apenas prescreve o uso do bem, mas também proscreve o crime e todas as suas formas de vigência no organismo social.
Iniciando uma campanha por meio do periodismo escrito, falado e mais tarde televisionado, a solicitação para entrevistas cresceu na razão direta em que a sua cidade, o seu país, depois o mundo hispânico em geral, tomaram conhecimento da revolução que se lhe operara no mundo interior.
Não faltaram aqueles que, a fim de justificarem a perversidade, informavam que se tratava de um desequilíbrio, e com refinada ironia atroavam:
— A chifrada certeira do touro, que o imobilizou, atirando-o ao solo, produziu-lhe uma lesão cerebral, de onde se derivou um choque psicológico muito grande, que lhe afetou o discernimento, a razão...
O jovem renovado, porém, não se permitiu afetar, compreendendo que em toda campanha de esclarecimento, os pertinazes desfrutadores da ignorância geral disputam até ao fim pela permanência dos recursos em que se comprazem, incapazes como se sentem de avançar em rumos diferentes que os libertem por definitivo...
Três anos se haviam passado... Agora, vinculado à Sociedade protetora dos animais, à Sociedade de promoção dos deficientes e à Instituição Espírita, Pilarzito não dispunha de tempo excedente para a autocompaixão, nem tampouco para agasalhar sentimentos perturbadores.
O amor cobre, sim, a multidão de pecados, conforme dissera Jesus. Em toda parte é o sol presente quando domina a treva, é a esperança que jamais desfalece e a força que impulsiona para frente, construindo a felicidade."

**** Baseado na história verídica do ex-toureito Álvaro Múnera. Leia mais sobre isso AQUI
**** O livro Quedas e Ascensão pode ser lido AQUI

Álvaro Múnera antes do acidente.

Hoje, Álvaro Múnera é ativista pelos animais.
**** O trabalho de Álvaro Múnera pode ser acompanhado através da página Alvaro Múnera, grupo de amigos del Diputado Animalista 


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